FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

domingo, 19 de setembro de 2010

MOGI PENSA ANIVERSARIO DE 500 ANOS?

Assim que o prefeito anunciou que havia iniciado a contagem regressiva e a televisão apresentaria uma série sobre os 450 anos de Mogi das Cruzes, nos reunimos em comitiva e fomos ao gabinete dele para falar sobre a importância da participação dos artistas plásticos para a história mogiana.

Mieka Fukuda, a nossa crítica de arte, salientou a importância de se homenagear os artistas plásticos que já se foram, mas que marcaram época em Mogi. Nerival Rodrigues, o nosso líder nato, discorreu sobre os diferentes mandatos, desde a fundação da AMBA, em 1955, até a fundação da AMAV, em 2001. Lúcio Bittencourt, o nosso operário da arte, chamou a atenção para a produção artística local que atingira patamares nunca antes alcançados pelas gerações.

JAM traçou as hipóteses estratégicas de nossa retrospectiva, desde Thomaz Ender até Barros, o Mulato, na história de nossa visualidade contemporânea. Adelaide Lawitschca Swetler comentou que as obras públicas estavam voltadas para a escultura, faltando a pintura como manifestação muralista e pictórica. Mauricio Chaer levantou a questão de o poder público usar os artistas como objetos de consumo sem avaliar os investimentos dos artistas em suas obras. Paulo Pinhal sugeriu que o prédio da antiga Telefônica fosse transformado em uma galeria de arte oficial para os artistas plásticos mogianos atuais. A chefia do gabinete prometeu levar ao prefeito as preocupações dos artistas com a história de Mogi contada pelas obras de arte etc... No ano passado, também no aniversário da cidade, a Secretaria de Cultura, após uma sucessão de brigas com os artistas plásticos, não realizou nada que permitisse aos artistas de Mogi mostrar quanto amam este município. Nos 450 anos, o Grupo Frontispício se deslocou para o Centro Cultural de Suzano, onde inaugurou, no dia do aniversário de Mogi, em homenagem à nossa cidade, uma grande coletiva com mais de 100 obras de 52 artistas, com apresentação de dança, música, fotos,cinema e declamação de poesias. Segundo Enzo Ferrara e Zetti Muniz, novas lideranças que surgem em nosso panorama cultural mogiano, "por falta de planejamento e margem de tempo para a produção de obras de arte, que não são como história em quadrinhos, ilustração, publicidade e propaganda, mas, sim, que demandam de inspiração, criatividade e autoexpressão, não podem ser feitas de última hora.
A exposição sobre as Sete Maravilhas não diz respeito à sensibilidade dos artistas pela nossa causa. Notamos, também, que o grupo feminino anunciou a sua dissolução e volta a expor com o título de "Salão da Primavera", considerando-se que a evolução semântica das artes plásticas, desde a renascença, se utiliza da palavra Salão como oficialização do poder público, que nos legitima anualmente com periódicas exposições, que nos avalia e nos insere na cultura e sociedade, se não for uma visão equivocada dos salões de Paris, seria mais um protesto.

O prefeito, tendo mãe e avó artistas plásticas, e ele mesmo, que gostava de desenhar na adolescência, agiu
como o Valdemar, o Machado, o Padre Mello, o Junji, dentre outros prefeitos que tivemos, sem o respeito pelos fatos hitóricos da arte local.Protestei contra a Secretaria de Cultura e o Conselho de Cultura, não porque tenho vocação para palhaço ou pizzaiolo, mas porque deram golpes brancos na cultura mogiana e se sucederam no poder os mais tendenciosos, em que cada um puxa a brasa para o seu lado sem se dar conta de que o tempo não para, avança cada vez mais e mais .

Na exposição do Frontispício, em Suzano, o destaque está sendo o protesto de Belini Romano, que, corajosamente, expõe nossas subjetividades. No dia 22 de setembro de 2010, esse seguidor da arte acidental de Lúcio Bittencourt inaugura mais uma escultura monumental do suposício Braz Cubas, dando continuidade à sua arte-desastre, que ignora linguagem, estética e erudição, patrocinada pelas empresas que nos impõem pela força do capital. Obras de arte que não representam o pensamento dos mogianos sobre a sua cidade, de modo que, se nós mogianos não pensarmos, pensarão por nós o "Nosso Pensar".


J.A.M - josé Antônio de Morais é artista plástico e colabora com o Mogi News.

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