FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

domingo, 28 de agosto de 2011

Veterano da pintura ‘expõe’ na internet


O artista plástico mogiano Marco Namura gosta de retratar paisagens urbanas e rurais além de se dedicar ao abstrato, tudo a partir de uma técnica especial de aquarela

mariana nepomuceno


Quase quatro décadas se passaram desde que Marco Namura iniciou a carreira nas artes plásticas. E durante todo esse tempo, além de aperfeiçoar o traçado ele encontrou novas maneiras de se comunicar com seu público e outros artistas. Em www. mnamura.blogspot.com o mogiano expõe seus trabalhos, dá dicas de algumas técnicas, comenta artigos sobre o segmento, e claro, mantém sua agenda atualizada. Para ele, um avanço e tanto. "Com a internet ficamos conectados o tempo todo, podemos trocar ideias e conhecer as obras de artistas de todo mundo. Muito diferente de quando comecei onde o fax era algo ‘maravilhoso’", brinca.

Além de manter-se conectado diariamente, em seu ateliê, localizado na área central da Cidade, Namura passa horas pintando ou ensinando seus alunos. Em um espaço privilegiado consegue armazenar centenas de peças de porcelanas, papeis, pinceis e tintas. Ali Namura também reserva um local especial para expor os trabalhos mais antigos ou que ainda serão levados para algum evento. E nem é preciso observar as peças com minúcia para perceber que a aquarela é a menina dos olhos do artista.

Tanto que ele criou uma técnica exclusiva na qual fica difícil distinguir a aquarela do papel, da pintura em porcelana. "As pessoas geralmente acham que é tudo aquarela, mas não. Para as porcelanas há um processo especial. Por conta disso fui convidado para muitos workshops pelo mundo", conta o artista.

Apesar de sua preferência ter rendido tanto prestígio, há quem enxergue na aquarela um trabalho mais contido, de tons pastéis. "Meu trabalho é cheio de cor. De vida. Essa coisa da aquarela ser mais ‘sem graça’ que outras acho que vem lá da infância, quando nos dão a tinta para ser aplicada em um papel que não é adequado", comenta.

Entre os mitos da aquarela ele ainda diz que é possível sim corrigir o que foi feito. "Com água apago. Inclusive é uma tinta feita para esses tempos em que a ecologia tem sido uma preocupação. Afinal seu solvente é a água", observa Namura. Para quem deseja utilizar a técnica ele ainda avisa: é preciso ter um tanto de paciência. "É necessário esperar a tinta secar porque o trabalho é feito em camadas", acrescenta.

Em um dos armários de seu ateliê, o artista guarda dezenas de desenhos começados. A princípio parecem borrões coloridos, mas a cada nova pincelada vão ganhando contornos e no fim resultam em paisagens urbanas, rurais ou ficam no abstracionismo mesmo. E é para quando o público pergunta a respeito das peças abstratas que ele criou o slogan ‘Não escrevo, faço imagens’.

"As pessoas têm mania de perguntar o que eu quero dizer com isso ou aquilo. Para cada um deve ter uma interpretação", aponta ele. Ainda assim, Namura diz que muitas vezes utiliza fotografias e consulta a memória para confeccionar uma obra. Mesmo quando lhe pedem uma encomenda, prefere usar da própria sensibilidade. "Com o tempo vamos criando o nosso estilo, a nossa caligrafia artística. Por isso quero estar sempre livre para produzir".

Depois de tanto tempo de carreira, Namura está um pouco mais seletivo quando o assunto são exposições. Sempre que convidado, na medida do possível, aceita participar, mas geralmente isso acontece fora da Cidade. "Já fiz muita exposição em Mogi, mas acho que falta investimento, eventos para esse segmento".

Apesar da crítica, o artista plástico confessa que já não fica mais incomodado com a situação. "Sou um profissional. Pintar não é um hobby", declara ele que, durante as últimas três décadas também foi professor na Universidade de Mogi das Cruzes. Agora no entanto, ensina só seu ateliê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário