FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Exposição Os Silva - MAP (Museu de Arte Popular de Diadema) - Espaço Democrático

Foto de Enzo Ferrara
Texto de Enzo Ferrara


Exposição Os Silva

O Centro Cultural de Diadema, onde encontramos o MAP (Museu de Arte Popular ) é um espaço democrático, através de ações culturais, ele expões o que de melhor é produzido na cidade e na região do ABCD, promove intercambio com outras regiões. O Material produzido e exposto promove reflexão e gera opinião.
No Mês de Novembro, em que comemoramos no dia 20 o dia da consciência Negra, o MAP promove a exposição Os Silva, uma mostra da produção de artistas que são irmãos e que representam através de seu trabalho a arte popular, Naïf e a cultura Negra no Brasil.
João Candido Silva, E. Rosária Silva e Vicente de Paula são Irmãos da Tão Famosa artista Naïf Maria Auxiliadora Silva (1935-1974), uma referência da História da arte Naïf nacional. Talvez os irmãos não saibam, mas eles representam também uma pagina importante da história da arte naïf nacional.
A Produção e as informações de produção de arte naïf na Pintura, que muito comum ser passada de irmão para irmão, ou de pai para filho, num convívio familiar, algo que vemos na produção das cerâmicas figurativas do Alto do Moura, pelos herdeiros de Mestre Vitalino, pelos descendentes de Isabel Mendes da Cunha, em Santana do Araçuaí, Vale do Jequitinhonha,  e do pintor Waldomiro de Deus e Sua Mulher, podemos ver também na relação da família Silva com sua produção.
Os Temas vão de Plantação, vida no campo, trabalho na lavoura, a vida nas periferias, a favela, as cores afrobrasileiras, o futebol, temas religiosos como o São Jorge, folclore, a liberdade da escravidão, a miscigenação do povo brasileiro, as brincadeiras de infância. Destaque para a utilização da escrita na obra de Conceição silva e a escultura de João Candido Silva  
Quem quiser conferir a Exposição ainda dá tempo:

Visitação: de 02/11 a 24/11/2012 de Terça a Sexta
Horário: 10h às 19h
Aos Sábados, das 13h às 18h
Endereço: Rua Graciosa, 300, Centro de Diadema, SP
Referência: Ao Lado da Praça das Moça, próximo ao terminal de Diadema
Fone: (11)4051.5408

Homenagem:
Maria Auxiliadora Silva (1935-1974)

Tenho uma enorme admiração pela artista e pela obra de Maria Auxiliadora, quando olho para trás é ela quem eu vejo. A artista Naïf era Negra, Mulher, Empregada doméstica, pobre, e analfabeta, conseguia reunir em sí mesma todos os seguimentos sociais, que por séculos foram jogados a margem da sociedade, com isso ela tinha tudo contra ela, tudo para fracassar, mas ela não esmoreceu, foi a luta, pintou nos primeiros anos de exposição na Praça da República em São Paulo, nos anos de 1960, e foi também uma das primeiras a ir para movimentar as ações culturais em Embú, que ainda não era das Artes, procurou por toda vida se alfabetizar, e tudo que ela fez contribuiu para que muitas galerias abrissem as portas para os artistas Naïfs. O Resultado pode ser conferido até hoje, ainda temos a exposição na Praça da República e Embú das Artes Transborda cultura por todos os lados.

Por Enzo Ferrara

Encontrei um texto de Lucien Finkelstein, que ilustra muito bem quem era a Artista.    
Que dizer de uma pintora que arrancava os cabelos da própria cabeça para colocar nas cabeças dos personagens que pintava? Os Quadros dessa Mineira de Campo Belo tinham muito mais que isso.
Em sua preocupação Naïf de “Dizer Tudo” numa só tela, Maria Auxiliadora Silva compensava a falta de técnica para criar a terceira dimensão, com recursos ingênuos: Suas mulheres tinham seios e nádegas reais, protuberantes, feitos de uma massa grossa aplicada sobre a tela.
A pintora era quarta filha de uma família pobre de dezoito irmãos. Sua mãe, entalhadora de madeira, estimulava os filhos a se expressarem por meio da arte, fosse esculpindo madeira, bordando ou pintando. Assim, Maria Auxiliadora desenhou desde criança, com qualquer material que lhe caísse nas mãos: Carvão, lápis, tinta....
Os Trabalhos da Família eram postos à venda aos domingos na Praça da República, em São Paulo. Lá, Maria Auxiliadora começou a mostrar seus primeiros quadros.
A Partir de 1968, se dedicou exclusivamente à pintura. Chegou a participar de um grupo de artistas Afrobrasileiros, que se reuniam na cidade Paulista de Embu, para preservar as raízes da arte Negra.
Antes disso, a pintora trabalhou por muito tempo como empregada doméstica, passadeira e bordadeira. Essa última ocupação se reflete em seus quadros, no cuidado especial de bordar os vazios, enchendo de flores e folhas, enfeitando as roupas com mil detalhes, rendinhando as cortinas, anáguas e mangas, tudo de maneira minuciosa.
Suas telas representam divindades e rituais do candomblé, trabalhos do campo e cenas da vida urbana. São marcadas por personagens femininas, com contornos exuberantes, sensuais e de um colorido muito forte.
Por seu talento, Maria Auxiliadora encantou o Cônsul Americano em São Paulo, Werner Arnhold, que a conheceu na Praça da República, ainda em 1967. O Diplomata promoveu sua primeira exposição individual, no próprio consulado dos Estados Unidos.
O sucesso nacional e Internacional veio logo, marcado por várias exposições. A Pintora Chegou a merecer um livro de Pietro Maria Bardi, Crítico de Arte e incentivador de vários Naïfs Brasileiros.
A vida de Maria Auxiliadora, porém foi tão breve quanto marcante: Pintou no período entre seus 32 a 39 anos de idade, quando faleceu de Câncer pulmonar. Nos últimos meses de vida fez várias telas representando a própria morte, seu velório e enterro. Sua passagem pela História da Pintura Naïf Brasileira foi como um cometa fulgurante e cheia de cores.