FRONTISPÍCIO DAS ARTES

A arte começa onde a imitação acaba. Oscar Wilde

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Poema de Júlio Seidenthal.


"Luzes são as Cruzes de Boygi"
No céu de têmperas,
Coloridas por Volpis cata-ventos,
Meninos de Cruzes empinam bandeirinhas de tempo,
Para que a igreja do Rosário não vire monumento sem fé,
Tenha fé, são as luzes das cruzes de Boygi,

Pergunte ao verde itapety,
Que desce a névoa úmida para proteger o beijo de Boygi com Boygi,

Neste urbano tempo,
A calçada de brancos que ainda não é de pretos,
Mesmo que o Carmo se vista de negro,
Entre emos, punks e roqueiros,
O anjo do teatro se cala,
É escultura que não fala, mas vigia e vê,

Vê que o legado dos artistas santeiros,
Tem o tempo da graça, inspirada, no barro-madeira,
Da esquecida bandeira portuguesa de Boygi,
Dizem até, que independência começou aqui,
No caminho de Dom Pedro, no caminho de Boygi,

E eu de vida e morte escrevo:
Independência, é o cafuzo beijo de Boygi,

Boygi fez do beijo, vermelho e negro, macio como a pele do caqui,
tanto em mim, quanto em ti,

Seja porque as cruzes são as luzes de Boygi,
Ou seja, porque as luzes são as Cruzes de Mogi,

Boygi fez assim,
Desfez a luz,
Desfez a cruz,
Com o beijo dentro de ti,
Que é o beijo de Boygi.